domingo, 31 de maio de 2009

"Olhar para a Cidade"

estética sem ética

no centro da cidade

farol e calçada
luzes e fachadas

moradores de rua
não são da tua conta...

entra no carro e não olha pro lado,
chama a polícia quando for assaltado.


Augusto.

sábado, 30 de maio de 2009

Lei de Crimes Ambientais torna-se mais rigorosa

Do Projeto Brasil - extraído do blog do Luis Nissif

A Lei de Crimes Ambientais, depois de quase oito anos sem modificação, tornou-se mais rígida. O Decreto n.° 6.514, assinado no dia 22 de junho de 2008, estabelece que, quem receber multas por crimes ambientais, não poderá recorrer a mais de duas instâncias. Até então, eram quatro.

O Governo espera reduzir o tempo de tramitação administrativa dos processos de quatro anos para quatro meses. A nova regulamentação corrige, inclusive, as brechas deixadas pelo decreto anterior, de 1999.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) passa a ter prerrogativa de levar a leilão os bens apreendidos, assim como já o faz a Receita Federal. A mudança na lei prevê ainda mais rigorosidade para com os infratores reincidentes e a cassação de licenças e multas por não cumprimento a embargos determinados por órgãos ambientais.

As empresas que não derem a correta destinação a produtos tóxicos como pneus, pilhas e baterias estarão sujeitas a multas de até R$ 50 milhões. Quem deixar de registrar reserva legal também deverá ser multado. Segundo a legislação, propriedades na Amazônia Legal têm que preservar 80% da área com cobertura florestal. Essa porcentagem cai para 35% no Cerrado e 20% nos demais biomas.

Os proprietários de áreas com porcentagem de desmatamento maior que o permitido por lei devem assinar termo de ajustamento de conduta para recuperação da área. Os que mantiveram as reservas legais, por sua vez, têm que protocolar a averbação da manutenção dessas reservas junto aos órgãos ambientais estaduais em 120 dias.

O decreto prevê ainda a possibilidade de conversão de parte das multas em prestação de serviços ambientais em unidades de conservação ou financiamento de iniciativas de educação ambiental.

O presidente também assinou o decreto que cria a Guarda Ambiental Nacional e o Corpo de Guardas Parque. Em parceria com os governos estaduais, as instituições deverão proteger unidades de conservação e trabalhar na prevenção de crimes ambientais.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Perfil das exportações só melhora a partir de 2010, diz ministério

11/05/2009 - 17:41 


Reuters


BRASÍLIA (Reuters) - A tendência de participação crescente dos produtos básicos na pauta de exportações brasileiras só deve se reverter a partir do segundo semestre de 2010, avalia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Esse é o tempo estimado para uma retomada da demanda dos Estados Unidos e da Europa --que despencou com o agravamento da crise--, e também para que o Brasil recupere fatias de mercado perdidas para produtos asiáticos na América do Sul.

"Hoje as commodities estão segurando a balança comercial brasileira, mas no médio prazo tem que ter uma estratégia para diversificar isso", afirmou à Reuters nesta segunda-feira o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.

"Isso é reversível, mas é reversível a médio prazo", acrescentou, citando o segundo semestre do próximo ano.

Barral disse não estar ainda preocupado com a recente desvalorização do dólar frente ao real. Desde o início de março, o dólar caiu 15,7 por cento frente à moeda brasileira. Ainda assim, o real perdeu cerca de um terço do seu valor frente a agosto do ano passado.

Para o secretário, esse movimento tende a ser temporário.

"Risco de choque no câmbio é a elevação dos preços das commodities, o que não é esperado", afirmou. Ele frisou que um dólar cotado a 2 reais ou mais garante a competitividade dos produtos brasileiros.

Segundo a última sonodagem do Banco Central, o mercado espera que o dólar feche o ano a 2,20 reais, mas nesta segunda-feira a moeda norte-americana encerrou a 2,059 reais, mesmo depois de o BC ter feito um leilão de compra à vista.

Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações brasileiras de manufaturados despencaram 28,7 por cento frente ao mesmo período de 2008, para 19,6 bilhões de dólares. No mesmo período, os embarques de produtos básicos registraram valor recorde de 17,2 bilhões de dólares, com alta de 8,7 por cento.

Com isso, a participação dos produtos básicos na pauta de exportações do Brasil cresceu para 39,6 por cento no quadrimestre, frente a 30,4 por cento no mesmo período de 2008. Já a participação de industrializados caiu para 58,2 por cento, contra 66,8 por cento

Esse desempenho acompanhou um crescimento da participação das vendas para a Ásia, principalmente para a China, que superou pela primeira vez os Estados Unidos como principal parceiro comercial do Brasil.

As exportações brasileiras para a China saltaram 66,7 por cento no quadrimestre, por conta de minério de ferro, soja em grão, celulose e siderúrgicos. Já para o Mercosul, Estados Unidos e América Latina e Caribe --tradicionais consumidores de manufaturados brasileiros-- as vendas caíram respectivamente 39,4 por cento, 34,5 por cento e 28 por cento.

Barral aposta que grande parte da recuperação das vendas de manufaturados se dará com o arrefecimento da crise, aguardado para a segunda metade do próximo ano.

OFENSIVA

Enquanto isso não ocorre, o Brasil trabalha em uma ofensiva para criar oportunidades de negócios em países vizinhos onde o empresariado brasileiro ainda não tem grande presença, ou perdeu espaço recentemente para importações asiáticas.

Entre as prioridades estão Peru e Colômbia, com quem o Brasil promove reuniões bilaterais e missões empresariais.

"Temos que aumentar as ofensivas nos países latino-americanos para manter mercados", afirmou Barral.

Em outra frente, o Brasil também tenta diversificar e ampliar a pauta de exportações de maior valor agregado para a Ásia, em particular para a China.

Ele citou, como exemplo, que o Brasil quer passar a exportar mais derivados de soja, como óleo e farelo, e não apenas a commodity em grão, como ocorre atualmente.

Outra aposta é o mercado de aviões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao país asiático nos próximos dias, fará promoção dos modelos da Embraer.

"Precisamos ter mais audácia na China", disse Barral, cobrando uma maior presença dos empresários brasileiros no país asiático para abrir e manter mercados.

Além do aumento das vendas das commodities, o saldo comercial brasileiro tem sido favoravelmente afetado por uma queda forte das importações em meio à desaceleração da demanda e de um dólar mais caro.

Nos primeiros quatro meses do ano, o saldo comercial somou 6,7 bilhões de dólares, alta de quase 50 por cento frente ao mesmo período de 2008. As exportações totais caíram 16,5 por cento no período, enquanto as importações sofreram queda de 22,8 por cento.

Moradores de rua perdem albergues no centro de São Paulo

BRUNO RIBEIRO
do Agora - 26/04/2009 - 09h33 – folha online

Com a alegação de que não tinham dinheiro para manter um serviço com o mínimo de qualidade, dois albergues do centro da capital fecharam as portas nos últimos dois meses. Um deles, o Glicério, era o maior da região, com 720 vagas por noite. Um terceiro abrigo suspendeu parte das atividades devido a um incêndio e ainda não tem prazo para voltar a funcionar.

Paralelamente, a Prefeitura de São Paulo mantém um programa para retirar sem-teto do centro e encaminhá-los para abrigos em bairros mais afastados, como São Miguel Paulista (zona leste).

A medida, por um lado, garante abrigo para o morador de rua. Mas, por outro, revela um esquema que já é chamado de "limpeza" por ativistas ligados à área. Os moradores que aceitam ir para os albergues mais distantes têm dificuldades para voltar ao centro, que fica com menos pedintes nas ruas.

"É muito longe. Mas tem dias em que é preciso ir para um lugar tomar banho e vestir roupa limpa, então a gente aceita. Mas depois gasta o dia inteiro para voltar", diz o morador de rua Genésio da Silva, 47 anos, que perambula pela Sé (região central).

O ponto de maior concentração de moradores de rua no centro é na rua Boa Vista. A calçada vira uma enorme cama coletiva. Mendigos e policiais militares que patrulham a área dizem que, no centro, estão as melhores opções para quem não tem um lar.

"Vem católico, evangélico e espírita para oferecer sopa. Nem dá para dormir", brinca outro sem-teto, José Vicente de Freitas, 58 anos. "Mas a gente sabe que não é bem-vindo. Atrapalhamos a paisagem, aqui é ponto turístico."

O Agora viu uma das peruas da prefeitura em ação na última terça-feira à noite. Uma assistente social passou pelo pátio oferecendo vagas. Não era para albergues do centro, mas sim da Vila Alpina (zona leste de SP). O veículo ficou meia hora parado até ficar cheio e partir. "Entra quem quer", repetia a assistente.

A Província Franciscana, órgão da Igreja Católica que mantinha os albergues São Francisco de Assis, no Glicério, e Cirineu, no viaduto Jacareí, afirma que não teve opção senão romper o convênio com a prefeitura. "Se a entidade faz um convênio e quer manter a qualidade do serviço, tem de entrar com uma contrapartida [em dinheiro] muito alta", afirma o frei José Francisco de Cássia dos Santos (leia texto nesta página).

A decisão de encerrar o convênio foi da entidade, diz ele, mas a decisão de fechar o albergue foi da prefeitura. "Ela [prefeitura] poderia ter buscado convênio com outra entidade." Santos diz que o albergue do Glicério exigia R$ 30 mil por mês da entidade e que o repasse da Prefeitura de São Paulo ao serviço era perto de R$ 100 mil.

No albergue Lygia Jardim, na Bela Vista, a coordenadora Isa Magalhães finaliza a reforma para poder reabrir. O incêndio na ala feminina comprometeu parte do prédio: a ala feminina foi transferida para a masculina e a dos homens foi desativada por enquanto. O convênio com a prefeitura está mantido e, segundo Isa, o repasse é suficiente por ser um local menor.

Vagas foram transferidas

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social nega que haja um projeto para limpar o centro da cidade dos moradores de rua, como acusam os envolvidos nesse serviço.

A Secretaria de Assistência Social, chefiada pela vice-prefeita Alda Marco Antonio (PMDB), informou, em nota, que no centro expandido da cidade a secretaria tem "cerca de 40 serviços conveniados para o atendimento à população em situação de rua, entre albergues, bagageiros, núcleos de convivência e de serviços, abrigos especiais e repúblicas".

A prefeitura diz que a população assistida pelo albergue Cirineu foi transferida para outro local, o albergue Frei Galvão (que tem capacidade para 200 pessoas), e que o albergue Lygia Jardim vai voltar a atender homens até maio. A prefeitura não informa, no entanto, o que fez a respeito da diferença entre as vagas fechadas e que não foram reabertas.

Sobre as pessoas assistidas no Glicério, a secretaria diz que "todas foram devidamente encaminhadas para a rede socioassistencial e foram fornecidas outras alternativas a elas, como retorno ao local de origem, retorno familiar e moradia autônoma", diz o texto.A secretaria diz ainda que contratou a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para fazer um novo censo da população em situação de rua de São Paulo, que deve ser divulgado ainda neste ano.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mudança climática é responsável pelo surgimento de doenças animais

Seg, 25 Mai, 11h41

PARIS, França (AFP) - A mudança climática tem "uma notável incidência" no surgimento e no ressurgimento de doenças animais, algumas delas transmissíveis ao homem, segundo estudo apresentado nesta segunda-feira em Paris pela Organização Internacional da Saúde Animal (OIE).

As três doenças emergentes citadas com maior frequência pelos países membros da OIE, 126 dos quais participaram da pesquisa, são a febre ovina (doença da língua azul), a febre do Vale do Rift e o vírus do Nilo ocidental.

"Cada vez os países atribuem à mudança climática o surgimento de pelo menos uma doença emergente ou reincidente, que afeta ou que tenha afetado seu território", declarou Bernard Vallat, diretor geral da OIE, organização intergovernamental que realiza esta semana sua 77ª assembleia geral.

Segundo o estudo, 71% dos países participantes "se declararam extremamente preocupados com relação ao impacto esperado da mudança climática sobre as doenças animais".

"Para enfrentar esta situação, os 174 Estados membros da OIE defenderam um fortalecimento dos meios para prevenir ou reduzir os efeitos da mudança climática sobre a produção animal e sobre as forças, inclusive as transmissíveis ao ser humano", segundo o comunicado da OIE.

Imperdiível!!!

THE CACHORRO MANCO SHOW - SESC Avenida Paulista
24/04 a 14/06. - Sexta a domingo, às 20h30.

"Ração por minha narração". De microfone em punho, um homem com roupa rota tenta convencer a qualquer custo que merece ganhar abrigo e comida na casa de algum nobre dono. Texto de Fábio Mendes. Direção de Moacir Chaves. Interpretação de Leandro Daniel Colombo.

Não recomendado para menores de 14 anos

R$ 20,00 [inteira]
R$ 10,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 5,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Comentário extraído do blog do Luis Nassif. http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/
Relaciona-se com a questão levantada por um aluno do 2C, durante a aula . 
Augusto Monteiro.
21/05/2009 - 14:45

NE para encarar a China

Por Gustavo

Nassif,

concordo plenamente com sua análise!!

Mas estou repetindo aqui há tempos,
o remédio brasileiro contra a tentação de exportar commodiites para a China é o Nordeste Brasileiro.
Alguém diria, por que???

Simples, porque o resto do país ou é centro financeiro ou é desenvolvido (São Paulo e Sul) ou é grande exportador de commodities, como Minas, Centro-Oeste e Rio(especial agora com o pré-sal).

Tá todo mundo feliz ou indiferente em se tornar dependente de exportações de commodities para a China.
Mas o Nordeste não.

É pobre e não tem commodities suficientes para exportar para China, a única esperança do Nordeste é a manufatura (como Japão, Israel, Califórnia e outras regiões com escassez de recursos naturais)

Portanto, o Nordeste é a única esperança do Brasil para contrapor o canto de sereia da China!

E como o Nordeste tem grande peso político no congresso, talvez haja a gente consiga fugir da velha sina latino americana de exportador de commodites.

Com outros colegas do BNDES, escrevemos sobre isso isso no artigo abaixo, que vc não publicou (publicou uma versão preliminar e incompleta de 3 meses atrás, há algumas semanas)

http://www.revistacustobrasil.com.br/19/pdf/MATÉRIA%2003.pdf

vi(d)a marginal


na via expressa do Estado
onde passam automóveis

apenas mão-de-obra
e mercadoria ...

não existe sequer retorno
mas há sempre uma saída.

Augusto - 18 Março 08

O seu bife vem daqui

Quinta, 14 Maio/ 09 - Por Micheline Alves, da Revista Sustenta

(...) A carne brasileira é um dos principais vetores do desmatamento da Amazônia, segundo um estudo de 2008 que dimensiona a rede complexa que une nossos hábitos do dia a dia à destruição da maior área contínua de floresta tropical do mundo. Intitulado "Conexões sustentáveis São Paulo - Amazônia: Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?", o trabalho, elaborado por jornalistas das ONGs Repórter Brasil e Papel Social Comunicação, verifica os impactos ambientais e sociais causados pelo avanço da agropecuária, do extrativismo, das plantações de soja e até dos financiamentos públicos e privados sobre a floresta.

A pesquisa foi divulgada durante o seminário "Conexões sustentáveis: São Paulo - Amazônia", uma iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo. O evento reuniu dezenas de lideranças locais e nacionais para debater as relações de interdependência entre São Paulo e a Amazônia. A escolha da cidade como fio condutor da pesquisa se deu porque é ela o maior centro consumidor e distribuidor de produtos da Amazônia - e porque até o regime de chuvas da cidade tem ligação com a preservação da floresta. "A Amazônia tem papel fundamental na concentração de nuvens de chuva em São Paulo. A chuva começa a se formar no Atlântico, se adensa sobre a floresta tropical e, ao esbarrar nos Andes, retorna e cai em São Paulo", afirma Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA).

 Poder de compra

As investigações tiveram como limite geográfico a região da bacia do rio Xingu, área entre os estados do Mato Grosso e Pará com 51 milhões de hectares e mais da metade do território protegido por terras indígenas e áreas de preservação. A partir dos setores-chave da economia local - madeira, grãos, carne e financiamento -, o grupo investigou os processos de comercialização que têm em suas bases situações ilegais, como atuação em área embargada, promoção do desmatamento ou mesmo o relacionamento com fornecedores que atuam de maneira ilegal e com uso de trabalho escravo. O relatório aponta os estudos de casos de empresas presentes na região que têm problemas como esses, mas um dos coordenadores do trabalho, Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, diz que o objetivo não é apontar culpados. "São apenas exemplos. O importante é acompanhar o que as empresas fazem a partir da denúncia: há as que vão procurar resolver esses problemas e há as que dão de ombros, se recusam a discutir."

Seu parceiro na coordenação do projeto, Marques Casara, da Papel Social, reforça a posição do consumidor nessa história. Apesar de estar na ponta final da cadeia, quem compra tem poder de provocar mudanças. "O consumidor pode usar seu poder de compra para pressionar a rede de varejo a adquirir apenas produtos de fornecedores que tenham cadeia produtiva legal." (...)

 É mais barato derrubar

Para pôr um freio no ritmo de destruição, o consumidor não precisa abrir mão de comer carne, comprar móveis ou usar óleo de soja. Basta riscar da lista de compras aquelas marcas que insistem em violar princípios éticos e de responsabilidade. Nesse sentido, é útil acompanhar o levantamento que o relatório faz de cada setor produtivo na Amazônia, a começar pela pecuária. O Brasil é o maior exportador mundial de carne. É um mercado que não para de crescer - e, para atendê-lo, cresce também o número de rebanhos: de 2000 para cá, o número de cabeças de gado foi de 170 milhões para 206 milhões no país - 74 milhões delas estão na Amazônia, onde há mais boi do que gente. O grande problema desse crescimento é que ele se tornou o principal vetor para a derrubada da matas. A estimativa é de que 78% do desmatamento na Amazônia tenha sido motivado pela pecuária .

(...) Além de combater as diversas irregularidades encontradas nessas áreas, é fundamental deter a expansão dessas pastagens. Não se trata de impedir o crescimento do setor, mas aumentar a produtividade das áreas já desmatadas: os especialistas dizem que seria possível criar ao menos três vezes mais gado nessas terras com o uso de tecnologias simples. Por que, então, a derrubada continua? Porque, em curto prazo, é mais barato invadir uma nova área florestal e transformá-la em pasto do que investir na produtividade das áreas já usadas. Em longo prazo, no entanto, é o que se sabe: as conseqüências dessa escolha serão desastrosas.

 Madeira "esquentada"

A extração da madeira também ganha análise detalhada no estudo, já que 23% do que é tirado da floresta é consumido em São Paulo. São cerca de 12,7 milhões de metros cúbicos de madeira amazônica abastecendo a cidade. Para tentar restringir o fluxo de produção ilegal, autoridades paulistas já adotaram medidas. Em sua gestão, a ex-prefeita Marta Suplicy baixou portarias impedindo a compra de mogno. E em 2005 o então governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito José Serra assinaram decretos estaduais e municipais com o objetivo de assegurar a procedência legal desses materiais, exigindo que tenham origem de áreas de desmatamento autorizado.

Mesmo assim, de acordo com a pesquisa, empresas criminosas escapam do crivo dos órgãos públicos por meio de vários mecanismos que "esquentam" a madeira ilegal. Isso acontece, por exemplo, quando madeireiros conseguem que um Plano de Manejo Florestal Sustentável seja aprovado, usando na verdade uma área que já foi explorada: apesar de retirar árvores de uma área qualquer, eles informam na documentação que as toras saíram da área aprovada.

A cadeia de produção da soja é outra que foi rastreada pela pesquisa. Apesar de a expansão do grão ter se dado principalmente no Cerrado, o aumento da demanda no mercado internacional impulsionou uma maior penetração da cultura na Amazônia. Em muitas áreas, ela tornou-se motivação direta de queimadas e desmatamentos para a conversão em lavoura. Além das conseqüências ambientais, esse avanço traz conseqüências para povos indígenas, comunidades tradicionais e assentados. Dos 19 municípios apontados pelo governo federal como principais focos de desmate no Mato Grosso, seis se localizam em áreas parcialmente integradas à área de proteção.

 Desmatamento zero

Um último aspecto analisado pelo relatório "Conexões sustentáveis" é o financiamento de todas essas atividades. O estudo mostra como, desde a ditadura militar, generosos investimentos de instituições públicas e privadas vêm bancando as atividades produtivas na floresta, sem que se levassem em conta os impactos socioambientais dos empreendimentos.

O resultado é que, agora, o governo se vê forçado a criar mecanismos para conter a devastação. Ou seja, apagar incêndios que o próprio governo, anos atrás, ajudou a criar. Um desses mecanismos é a Resolução 3.545 do Conselho Monetário Nacional, que, ao condicionar recursos para custear a produção à regularidade do registro fundiário das fazendas e a licenças ambientais, fez com que financiamentos públicos despencassem até 15%. Por outro lado, a procura de produtores para regularizar a situação de suas terras teria aumentado em 60%, de acordo com projeção do ministro Minc.

O ministro aponta os desafios a serem enfrentados na região: "Queremos desmatamento ilegal zero e isso não se consegue apenas com Ibama e Polícia Federal. Você fecha uma serraria ilegal em uma hora, mas não substitui 50 empregos em uma hora. Tem que haver um novo modelo de sustentabilidade". Apesar do tamanho do problema, ele se diz otimista com o futuro da Amazônia, citando o lançamento de 40 planos de manejos para reservas extrativistas em novembro, entre outras medidas que devem se beneficiar do recém-lançado Fundo Amazônia. Se bem usados, os recursos talvez possam frear a devastação que consome a floresta.


(Colaborou Natalia Viana)

Número de pobres continua a cair

Natalia Pacheco, Jornal do Brasil

RIO - Apesar da atual crise financeira internacional, 316 mil brasileiros saíram da linha de pobreza entre outubro de 2008 e março deste ano nas seis maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador, segundo estudo divulgado terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Esta é a primeira vez, desde o colapso econômico do início dos anos 80, quando o Ipea iniciou a pesquisa, que o instituto registra queda do número de pobres no país em períodos de turbulência financeira. Segundo o instituto, a taxa de pobreza nessas seis regiões em março deste ano ficou em 30,7%, 1,7% menor que a registrada em março de 2008, o que representa uma redução de 670 mil pessoas na condição de pobreza.

Para o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, a adoção de políticas keynesianas, ou seja, maior intervenção do estado na economia em períodos de crise, foi a principal causa para a diminuição da pobreza no país.

Pochmann acredita que o reajuste do salário mínimo em fevereiro deste ano, que passou de R$ 415 para R$ 465, a redução da taxa básica de juros – a Selic – que já caiu 3,5 pontos percentuais desde janeiro deste ano e o aumento dos gastos do governo, com o objetivo de manter a economia aquecida foram fundamentais para o resultado.

– Além dessas medidas para diminuir os efeitos da tormenta global no país, ainda existe a ampliação do programa Bolsa Família.

Base mais protegida

O estudo também revela que em março deste ano havia menos de 54% do total dos desempregados das seis principais regiões metropolitanas do país na condição de pobres, enquanto há sete anos, em março de 2002 eram mais de 66% nesta condição. Ou seja, a queda na taxa de pobreza entre os desempregados indica que a piora no mercado de trabalho desde outubro de 2008, em função da crise, não atingiu ainda a população de menor rendimento.

A taxa de pobreza entre os desempregados caiu 2,5% nesses seis meses, enquanto o número de desempregados aumentou 16,5%.

– Isso mostra que a base da pirâmide está mais protegida. Antes, a cada três desempregados, dois eram pobres. Nesse pesquisa, a cada dois desempregados, um é pobre. Isso quer dizer que a perda de renda nem sempre leva à pobreza. E esse resultado também indica que houve mudanças no perfil do desempregado – ressaltou Pochmann.

Segundo o estudo, somadas as parcelas com benefícios previdenciários e assistenciais, o Brasil conta, atualmente, com 34,1% da população, sobretudo a de menor rendimento, protegida com algum mecanismo de garantia de renda, “o que se constitui em algo inédito em relação aos outros períodos de forte desaceleração econômica no país”.

Ainda há diferenças

Apesar do otimismo e da intensificação do desemprego na população não pobre, o estudo do Ipea revela que ainda há diferenças enormes no interior da sociedade. Entre os pobres, por exemplo, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas alcança quase 25% da População Economicamente Ativa (PEA), enquanto na camada não pobre, a taxa de desemprego atinge somente 5,2% da força de trabalho. De outubro de 2008 a março deste ano, a taxa de desemprego entre a população pobre aumentou 18,5% e 24,8% para a não pobre.

Nas últimas três décadas, a economia brasileira registrou quatro importantes momentos de redução do nível de produção, com impactos sobre o consumo, investimento, emprego e renda. Entre 1981 e 1983, houve a crise da dívida externa, enquanto durante os anos de 1990 e 1992, a queda se deu por conta da adoção de programas de combate à inflação e abertura comercial. No período de 1998 a 1999, o país passou por uma crise cambial e atualmente enfrenta as consequências da turbulência financeira global.

No início dos anos 80, o PIB caiu 2,9%, enquanto entre 1989 e 1990, foi reduzido em 4,2%. Nos anos de 1998 e 1999, o PIB cresceu somente 0,2%. Para este ano, especialistas dizem que se o crescimento for nulo já é um bom resultado, já que o PIB registrou queda de 3,6% no último trimestre de 2008.

22:23 - 19/05/2009

Apesar de ter mais desalojados, NE recebe menos ajuda

Qui, 21 Mai, 09h45 

Há seis meses Santa Catarina foi atingida por chuvas fortes e os morros inteiros desmoronaram, na segunda maior tragédia natural na história da região. O País acompanhou comovido histórias das familiares. Dezenas de helicópteros levavam doações, senadores faziam reuniões de emergência e toneladas de roupas e comida eram enviadas ao Estado. Comparando números da tragédia de SC com da que acontece agora no Nordeste, parece que o fato ocorre em países diferentes. Apesar de ter 4 vezes mais desalojados, a região conta com menos doações e a verba pública só foi liberada ontem.

Santa Catarina teve 63 cidades afetadas, 137 mortes, 51 mil desalojados e 27 mil desabrigados. No total, a estrutura de suporte para lidar com as enchentes contou com 24 helicópteros e 4 aviões da Força Aérea. Doações da sociedade totalizaram R$ 34 milhões e o governo federal e o Congresso Nacional prometeram a liberação de R$ 360 milhões. Apesar de registrar um número menor de mortos até o momento, 45, o Nordeste tem 299 cidades afetadas, 200 mil desalojados e 114 mil desabrigados.

Mesmo assim, com um número 4 vezes maior de pessoas que precisam urgentemente de ajuda, só 3 helicópteros e 3 aviões atuam na região. E as doações não alcançam R$ 4 milhões. Só ontem, quase dois meses após o início das tempestades, o governo federal destinou verba ao Nordeste, por meio de medida provisória assinada pelo presidente em exercício José Alencar, que liberou R$ 880 milhões - incluindo ajuda às vítimas da seca no Sul. As cidades atingidas ainda esperam repasse de R$ 23 milhões desde as enchentes do ano passado, referente a empenhos do Orçamento de 2007. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.