sexta-feira, 28 de maio de 2010

Obama divulga Estratégia Nacional de Segurança e tira o foco da guerra ao terror defendida por Bush

27/05 às 15h49 O GloboAgências Internacionais

RIO - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou nesta quinta-feira a Estratégia de Segurança Nacional de seu governo, que deixa para trás o foco do governo de seu antecessor, George W. Bush, na guerra ao terror, buscando preservar a liderança americana no mundo sem ignorar o crescimento de outras potências. No documento de 52 páginas o Brasil é citado como uma das nações com crescente influência no mundo, ao lado da África do Sul e da Indonésia, o que faz do país um dos "centros-chave", categoria que inclui China, Índia e Rússia.

Enquanto o documento assinado por George W. Bush em 2002 afirmava explicitamente que os EUA não permitiriam o crescimento de uma superpotência rival, a estratégia apresentada pelo presidente democrata declara que os EUA não enfrentam nenhum competidor militar real e destaca que o poder global está crescentemente difuso. "Para ter sucesso, devemos encarar o mundo da forma que ele é", diz o texto.

O principal autor do documento - divulgado nesta quinta-feira e exigido por lei a cada presidente dos EUA -, Ben Rhodes, assessor de Segurança Nacional, disse em uma entrevista que a tentativa de Obama de substituir o G8 por uma formação mais ampla, o G20, incluindo China, Índia e Brasil, reconhece essa realidade.

"O peso de um novo século não pode recair somente nos ombros dos Estados Unidos", diz a introdução da estratégia. "Na verdade, nossos adversários gostariam de ver os Estados Unidos perder sua força ao aumentar de maneira exagerada sua força".

Em uma menção às guerras mantidas pelos EUA no Afeganistão e no Iraque, Obama escreveu que uma américa "endurecida pela guerra" e "disciplinada por uma crise econômica devastadora" não pode manter combates tão extensos.

O texto afirma que apesar de o governo ter renovado o foco no Afeganistão e aumentado o número de investidas da CIA contra insurgentes no Paquistão, a estratégia de Obama rejeita o foco dado por Bush ao contraterrorismo como principal política de segurança. Os esforços na direção. Os esforços "em reação ao terrorismo são apenas um elemento e não podem definir o envolvimento dos Estados Unidos com o mundo", escreveu Obama.

Ao longo do texto, Obama deixa claro que seu conceito de segurança nacional é mais amplo que o de Bush, ao sustentar, por exemplo, que a redução do déficit do país é essencial para a manutenção de seu poder e influência. Ele enfatizou questões como economia, educação, mudanças climáticas, energia e ciência. "Nossa segurança nacional começa em casa", diz o a estratégia.

EUA buscarão 'múltiplos meios' para isolar Irã e Coreia do Norte se eles ignorarem responsabilidades internacionais

De acordo com a nova estratégia, os EUA buscarão "múltiplos meios" para isolar o Irã e a Coreia do Norte se eles ignorarem as responsabilidades internacionais em relação a seus programas nucleares. O documento afirma que Washington estava buscando um engajamento "sem ilusões" com o Irã, referindo-se à resposta, considerada desafiadora pela Casa Branca, da República Islâmica à tentativa diplomática de Obama feita anteriormente.

A estratégia de Obama pede ainda que a China "assuma um papel responsável de liderança" e promete "monitorar o programa de modernização militar e se preparar de acordo", afirmando que desentendimentos em relação a direitos humanos "não devem impedir cooperação em questões de interesse mútuo".

O documento expõe uma visão de "relacionamento estável, substantivo e multidimensional com a Rússia", mas promete "promover o Estado de Direito, um governo responsável e valores universais" dentro da Rússia e "apoiar a soberania e a integridade territorial dos vizinhos da Rússia". O texto reafirma ainda que os Estados Unidos estão "construindo uma parceria estratégica" com a Índia e "recebe com prazer a liderança do Brasil".